quarta-feira, 27 de julho de 2011

UNDER PRESSURE


Agora sim, parece-me que na Europa se vai ter de começar a discutir... a Europa!

Desde que se iniciaram os problemas financeiros na EU até hoje, se é que já não o era antes, temos tido uma Alemanha a decidir e uma Europa a promologar. Independentemente da opinião de cada um, que me parece pouco relevante neste debate, a verdade é que para a maioria não fazia mal que assim fosse, pois estávamos a falar da (in)viabilidade de países que não representavam muito no "big picture" da coisa.
A Alemanha tem procurado adiar o problema europeu o mais possível, com o apoio natural da França e com a conivência dos outros grandes, num comportamento típico de "com o mal dos outros, posso eu bem". A estratégia tem, a meu ver e do ponto de vista alemão, sido bem montada... até agora.

No entanto, o governo alemão ainda não percebeu que já não está a falar nem para Portugal, nem para a Grécia, nem para a Irlanda. Neste momento, as não decisões ou até a prepotência demonstrada em determinadas posições anteriores, já não afectam grandemente estes três países. No entanto, começam a pôr gravemente em cheque a Espanha, a Itália e se calhar brevemente, a própria França.

Hoje o ministro das finanças alemão veio dizer que o seu país não está disposto a passar um cheque em branco para as "eurobonds". Foi o suficiente para deitar por terra o pouco que se tinha conseguido na última cimeira. Consequência.... Os juros da dívida italiana e espanhola dispararam, bem como o valor das CDS que as seguram. Onde é que já vi este filme? No entanto, a grande diferença reside no facto de os interpretes terem mudado e portanto o guião não poderá ser o mesmo.

Enquanto parece que, os gregos têm um problema informático e portanto não conseguem fazer contas (consta que adjudicaram o "primavera"), os bancos irlandeses emprestaram o PIB da Grande Bretanha, colateralizado nas ovelhas e pinheiros que abundam no interior do seu país e os portugueses gostam demasiado de bons carros, "smartphones" e férias no nordeste brasileiro, os novos protagonistas  não se parecem compadecer com tais excentricidades (denote-se o meu tom irónico). No entanto, confrontam-se repentinamente com a perspectiva de poderem vir a tomar do "xarope", que têm andado a comercializar com tanta competência: Sintoma: risco financeiro; Posologia: austeridade com fartura; Efeitos secundários: colapso económico.

Não sei quais serão a suas reacções às declarações do Sr. Wolfgang Schauble, mas parece-me que não se vão fazer esperar. Suspeito que os italianos farão chegar, rapidamente e entre linhas, o recado aos alemães, que eles não mandam na Europa. No entanto, "old habits die hard".

Portanto, parece-me que estão reunidas as condições para que rapidamente se encontre uma verdadeira solução para o modelo de funcionamento europeu. Ou isso ou estamos perante o embrião de uma nova guerra civil. Quero acreditar na primeira.

Agora só temos que pensar na melhor forma de convencer os 70% dos alemães que são a favor do regresso ao marco e os quase 65% que já não vêm utilidade em pertencer à zona euro. Mas enfim, uma coisa de cada vez. Certamente, mudarão de ideias....

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