Hoje, para mim, ficou claro! A Europa não tem concerto. Por uma simples razão: a Europa não quer! Não porque não goste de ser Europa, mas sim porque não está disposta a fazer os sacrifícios necessários para se manter como Europa!
Este problema não se resolve com medidas de contenção orçamental, redução da taxa de juro de referência, compra de dívida no mercado secundário por parte do BCE ou com o reforço do Fundo de Resgate.
Para quem ainda não percebeu, dar sinais positivos ao mercado não serve de absolutamente nada. Os mercados estão-se nas tintas para os desequilíbrios dos países ou para a sua capacidade de recuperação. Os mercados testam os modelos. E como o modelo é fraco, o mercado está a encostá-lo à parede, a ver se ele parte.
Não é difícil obrigar um país a entrar em default. Se vos aumentassem o spread do empréstimo à habitação para o dobro, conseguiriam pagá-lo? E para o triplo? Um país não é diferente. Esse é aliás o grande "pau de dois bicos" para a Alemanha. Para a Europa financiar a Europa, a dívida individual tem que passar a ser segurada por todos. A Alemanha tem de deixar de pagar 3% pela dívida que lá tem e isso, convenhamos... é chato!
A meu ver, temos neste momento três soluções possíveis, da mais provável para a menos provável:
- Emissão de "eurobonds";
- A criação de um euro 2 mais fraco;
- A saída da Alemanha da moeda única.
Primeiro, as "eurobonds" têm de ser aprovadas nos parlamentos nacionais, o que me parece quase impossível. Segundo, a criação de um euro 2 implica uma acção concertada dos "PIGS" com os restantes estados membros para uma saída assistida, um perdão das suas dívidas, provavelmente superior a 40%, regras para o controlo da taxa de juro e e fixação de bandas no câmbio entre as duas moedas. Além disso, demoraria a implementar, visto que seria preciso dar tempo às instituições financeiras para provisionarem as suas dívidas, e tempo é o que os mercados não dão. Terceiro, a saída da Alemanha do Euro só aconteceria se fosse forçada, pelos restantes países, a tomar alguma decisão mais drástica contraria aos seus interesses específicos. Ora, não me parece que isso suceda, antes que tudo o resto (leia-se Itália e seu arrastão) se desmorone!
Portanto, que nem profeta do povo, sentado no cais das colunas a beber uma alegre mini, digo-vos:
O euro vai partir!