sexta-feira, 5 de julho de 2013

SÃO COMO BANDOS DE PARDAIS À SOLTA!



Como consequência dos eventos dos últimos dias, devo confessar que Passos Coelho subiu consideravelmente na minha consideração. Com intervenções públicas claras, objectivas e coerentes, fez o que se esperava de um comandante determinado, 'lúcido' e irredutível. Disse o que tinha a dizer ao país, elevando-se perante a neblina ministerial que o rodeava, foi ao beija-mão como lhe era exigido e voltou decidido a terminar o que começou, não cometendo o erro de não passar 'Cavaco' a ninguém.  Apesar de ser evidente que algo se passa de grave, conseguiu que o barco não fosse ao fundo, hasteando agora todas as suas velas ao vento, esperando que uma brisa vinda dos deuses europeus o ajudem a dobrar o cabo das tormentas lá para os fins de Outubro. Quanto a Passos, estamos conversados...

O facto de toda a imprensa portuguesa se ter focado quase exclusivamente na demissão de Paulo Portas, relegando para segundo plano a renuncia do que era até então o nº 2 do governo e para muitos o homem imprescindível deste capítulo governativo, deixa-me verdadeiramente surpreso e muito preocupado.

O Paulo Portas ministro tomou uma decisão em consciência e afastou-se. Certo que a sua decisão não augura nada de bom, mas também não é mais do que isso. 

O Paulo Portas líder do CDS torna-se irrelevante em toda esta história, pelo simples facto de, contrariamente ao que muitos nos querem fazer querer, Paulo Portas não tem sentido de estado suficiente para por os superiores interesses do país acima dos seus interesses pessoais. O mesmo se passa com o CDS, que tem a perfeita noção que quando sair deste governo, agora ou no fim do mandato, não volta para lá tão cedo. Não existe portanto e a meu ver, nenhum risco de quebra na coligação existente. Gostam todos demasiado do pote para o pôr de lado. Isto é valido para governo e oposição. Resumindo e concluindo, na minha modesta opinião, todo este assunto Paulo Portas, não passa de uma cortina de fumo.

O que me preocupa verdadeiramente é a saída de Vítor Gaspar. Curiosamente, parece-me que poucos pararam para pensar nos seus verdadeiros motivos. Se forem como eu, muito dificilmente acreditam que se afastou devido ao facto de não haver condições sociais e políticas para continuar a implementar as suas 'reformas'. Algo estará para vir que em seu entender, põe em causa a sua credibilidade e consequentemente comprometer o tão ambicionado regresso aos órgãos centrais de gestão europeia, como o 'arquitecto da austeridade', exímio teórico e herói da elite económica, tão injustamente contrariado por uma qualquer instancia judicial menor e pelas inconvenientes vicissitudes das democracias maduras. 

Parece-me que Vitor Gaspar abandonou o seu capitão, levando com ele os registos de navegação e quem sabe a 'caixa negra', antes do pedido do segundo resgate e do colapso generalizado não só deste governo, mas também da credibilidade das instituições internacionais que o governam. 

Tenha-se a opinião que se tiver sobre o rumo que o país deva tomar, há algo que me parece evidente. Esta Europa não oferece saída a Portugal, nem pré, nem durante, nem pós TROIKA. Isto já era verdade no anterior governo, é verdade neste e será verdade no próximo, a não ser que quem venha esteja na disposição de pregar um valente 'susto' aos países ricos desta união (que hoje de união tem pouco), aos mercados (controlados por um pequeno grupo de especuladores com muito dinheiro) e que do alto do seu orgulho lusitano, tenha como primordial missão, abalar as próprias fundações que sustentam o mundo ocidental como o conhecemos!


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