quarta-feira, 12 de agosto de 2009

UM GESTO VALE MAIS QUE MIL PALAVRAS

Estava eu muito bem com um amigo a jantar no Chapitô, desfrutando tranquilamente de uma noite fantástica de Agosto, quando se aproximam duas donzelas/ciganas (certamente francesas, a avaliar pela sua pose e graciosidade) de hansaplasts na mão, solicitando um pequeno contributo para o império/ceita do manda chuva/chulo a que pertenciam. Cordialmente, o meu colega de imediato pôs em prática a sua aptidão única para gastar dinheiro (qualidade rara mas valiosa), prontificando-se de bom grado a contribuir para tão ilustre causa. Com o sentido de dever cumprido, a nossa companhia reorientou de imediato a sua atenção para uma mesa adjacente, pregando veementemente que não há ferida neste mundo que não sare.

Nisto, passa-se um cálice de vinho e um cigarro enquanto discutíamos os destinos do universo.

Na sequência de um retiro estratégico do meu camarada aos estabelecimentos sanitários do recinto, lembrei-me de consultar a minha correspondência virtual. Qual não é o meu espanto quando dou por falta do meu aparelho móvel informático-auditivo. Disse para mim mesmo radiante e em êxtase, num francês fluente, "Que francesa tão prestável... prontificou-se a reclamar a custódia do meu precioso artefacto! Tenho que lhe agradecer pessoalmente!".
Saio apressado do restaurante em ritmo de ligeiro jogging matinal, ansioso por manifestar pessoalmente o meu apreço à ilustre senhora!
Chegando à rua e certamente por ter reconhecido algo estranho no ar radioso que apresentava, fui abordado por um técnico, um rapaz meiguinho, enfezado e certamente de boas famílias (provavelmente responsável por zelar pela integridade física dos candeeiros à entrada do referido local), que de imediato me interpelou perguntando, "Dr., por favor partilhe comigo a razão de tanto contentamento e satisfação". Em dois segundos contei-lhe a história em pormenor. "Mas isso é inédito! Faço questão de o acompanhar em tão nobre missão! Julgo ter visto as senhoras sair de coche por ali...". Adepto do desporto, não só por questões recreativas como também pela natureza da profissão que exerce, juntou-se de imediato ao meu agradável jogging pela nossa deliciosa freguesia do Castelo...
Após várias léguas percorridas, avistei finalmente as senhoras, dobrando uma esquina para uma rua escondida que servia de entrado para um luxuoso condomínio, também ele certamente francófono e condizente com o elevado status que as donzelas manifestavam. Por sorte eu falava a língua (desde já quero aproveitar para demonstrar a minha profunda gratidão à minha filiação pela educação internacional que me proporcionaram) e portanto, prontamente abordei a senhora com o ar confiante de quem domina o dialecto fluentemente e exclamei, escoltando-a em direcção a um coche da mesma marca do que dirigia, "Minha senhora, apesar de seguro das suas boas intenções, venho por este meio solicitar que me deixe aliviá-la do fardo que carrega." A ilustre senhora, bem intencionada e cordial como era, retorquiu de imediato que não era fardo nenhum e que se prestava a esse serviço com prazer. Eu, que nunca fui um rapaz de aceitar favores que não têm como ser retribuídos, convenci-a a muito custo que não me sentiria bem comigo mesmo se aceitasse tal generosidade. Conformada, no entanto algo agastada por não conseguir praticar o bem, mas reconhecidamente admirada pelo cavalheirismo manifestado, devolveu-me o precioso artefacto. Grato por toda a atenção demonstrada respondi eloquentemente, "Obrigado pela atenção. Faça favor de prosseguir no seu caminho, ilustre primogénita de uma Duquesa de grande porte, praticante da profissão mais antiga e socialmente reconhecida da sociedade...!".

segunda-feira, 20 de julho de 2009

SOCIEDADE (EN)GRIPADA!


Na volta sou o único... No entanto, não posso deixar de achar que esta história da gripe H1N1 (ou suína, já não sei bem) está a tornar-se algo ridícula. Se já existiam sérias dúvidas na minha cabeça sobre a verdadeira gravidade desta doença, depois de ouvir a Ministra da Saúde dizer que a maioria dos casos teriam de ser tratados a partir de casa pergunto-me, será que o cenário apocalíptico que estão a criar não é algo exagerado?

Está comprovado que, no mundo, morrem cerca de 500,000 pessoas por ano com gripe (...e não de gripe, atenção.). Apesar disso, não vejo ninguém lançar um alerta de pandemia quando em Novembro andamos todos na rua de nariz vermelho e com os bolsos cheios de novelos ensopados. Então porque anda tudo tão preocupado com esta gripe em especial? Dizem-me que é porque esta mata! Bem, que eu saiba a gripe, nos países desenvolvidos, só por si não mata ninguém... nem esta, nem nenhuma. Dizem-me que esta propaga-se pelo ar! Que eu saiba as outras não se propagam pelo chão... Dizem-me que esta provoca sintomas mais graves que as outra! No entanto, tratem-se em casa meus senhores que isto de andar na rua ainda acaba por vos matar... Enfim, cheira-me a esturro!
Que a maioria da população embarque nesta fantochada eu até compreendo. Pôr o pessoal aflito está, infelizmente, cada vez mais fácil. Agora, que a OMS venha semear o pânico é que eu não percebo. Ou melhor, não percebo mas desconfio. Se estão mais preocupados com a gripe H1N1 do que com todas as outras doenças para a qual existe tratamento e das quais ninguém morre nos países desenvolvidos mas que matam africanos como se não houvesse amanhã, que dizer destes senhores? Como mudar os comportamentos parece difícil, se calhar proponho que se passem a chamar de OSPD (Organização de Saúde dos Países Desenvolvidos). Pergunto-vos, ninguém está curioso em saber quem são os accionistas por detrás da empresa responsável pela produção do Tamiflu que está a vender que parece mel!?
Pela parte que me toca, tenho um negócio de para-farmácias e posso-vos dizer que já ganhei uma fortuna em máscaras e desinfectantes para as mãos. Por mim, venham as gripes que quiserem que sempre se vende qualquer coisinha. Não lhe dêem é o nome de nenhum animal, senão qualquer dia põem a malta toda a comer bifinhos de soja com um fomoso ovo a cavalo e lá se vai a posta mirandesa! Aí sim, se não morresse da doença... morria com certeza da cura!!!

terça-feira, 30 de junho de 2009

QUEM EDUCA ESTA GENTE?


Já não bastava a triste figura que os professores do secundário têm vindo a fazer nos últimos meses, vejo agora os professores universitários juntarem-se à causa. A pergunta que faço é esta, será que são estes os formadores dos futuros líderes deste país?


Acho que estamos todos de acordo quanto à importância da avaliação dos nossos professores. Julgo que até os professores estão de acordo com a avaliação dos seus pares. Poderei compreender que discordem de alguns aspectos da mesma e que a queiram "melhorar". No entanto pergunto, será melhor uma avaliação imperfeita que poderá e deverá ser melhorada ou avaliação nenhuma? Quando a solução proposta por alguns é a abolição/suspensão dessa mesma avaliação só consigo tirar uma conclusão disto tudo... Estes senhores não querem é trabalhar!


Contudo, o que mais me preocupa é o exemplo que damos aos nossos alunos.


Sempre considerei que a faculdade tinha dois propósitos fundamentais, criar estrutura de raciocínio e moldar caráteres. Assim sendo, cuidado com os homens que estamos a criar. A criação de carácter só é possível se estiver montada num caminho de princípios. Esses princípios são postos em causa quando os que têm o papel de os incutir os ignoram, desvalorizam ou mesmo marginalizam. Quando quem ensina renega o caminho da excelência, como esperamos que se comportem os que deles aprendem...


Se não precisamos de mudar e se tudo vai bem no mundo dos que ensinam, porquê tanto receio? Se os professores são todos tão competentes, porque temem a avaliação? Não será legítimo que os bons professores sejam louvados e que os maus professores sejam chamados à razão?


Diz o povo que quem não deve, não teme. O que é facto é que anda tudo aflito.


Quando quem educa parece ser quem mais precisa de ser educado, estamos no mau caminho...

terça-feira, 23 de junho de 2009

PROPÓSITO


Apesar de me considerar uma pessoa ambientalmente preocupada, desenganem-se os que poderiam pensar que este blog tem como propósito a defesa incondicional da espécie supra referida. Apesar de não pretender retirar importância ao tema ecológico tão em voga, procurarei tornar este no meu cantinho, onde os meus queridos amigos poderão acompanhar o que me vai na mente...


A verdade é que por vezes me sinto como mais uma árvore no meio de uma imensa floresta onde vejo cada vez mais eucaliptos e isso não me agrada. Vejo a falta de valores e moralidades galardoados, vejo a troca do mérito pelo resultado, vejo a mentira na verdade, vejo um vazio de "liderança" preenchida por interesses instalados, rodeada de mamões sem cadeira à espera que recomece a música, vejo a estupidificação de um povo que tanto convém a alguns mas que não convém a ninguém, vejo o desespero na luta permanente pela subsistência, vejo a liberdade condicionada, vejo a palavra vazia, vejo um povo sem alma...


Dito isto, acredito que somos grandes... Acredito na mudança, acredito num caminho, acredito na alternativa... Acredito na verdade, acredito na ponderação, acredito que no meio está a virtude, acredito que ser sério compensa... Acredito na amizade, acredito no amor, acredito nas pessoas e do que são capazes quando arquivam as suas diferenças... Acredito, em suma, que podemos e devemos fazer muito melhor...

INTRODUÇÃO - A Metáfora do Eucalipto

A expressão deserto verde é utilizada pelos ambientalistas para designar a monocultura de árvores em grandes extensões de terra para a produção de celulose, devido aos efeitos que esta monocultura causa ao meio ambiente. A árvore mais utilizada para este cultivo é sobretudo o eucalipto.
Os impactos sócio-ambientais aqui citados referem-se à condição de plantio de árvores produtoras de celulose em regime de monocultura extensiva. A intensidade destes impactos depende das condições ambientais anteriores ao plantio, da espécie de árvore a ser plantada e da extensão da área de cultivo. De modo geral, pode-se inferir os riscos de:
- Desertificação das regiões plantadas: por serem árvores de crescimento rápido, há grande absorção de água, podendo levar ao secamento das nascentes e exaustão de mananciais de água subterrânea, afetando seriamente os recursos hídricos locais.
- Prejuízo aos solos: como toda monocultura, há exaustão dos solos, o que inviabiliza outras culturas. Além disto, o solo fica exposto durante dois anos após o plantio e dois anos após a colheita, facilitando a erosão.
- Redução da biodiversidade: a alteração do habitat de muitos animais faz com que nas regiões de monocultura de árvores só hajam formigas e caturritas.
O termo deserto então provém tanto do efeito de desertificação e erosão dos solos quanto do vazio em biodiversidade e em populações humanas encontrado nas regiões de cultivo. Para mitigar estes efeitos, alguns especialistas propõem o plantio de outras espécies vegetais entre corredores dedicados ao plantio de árvores produtoras de celulose. Entretanto, as empresas resistem à aplicação de tal técnica, pois sua meta é maximizar os lucros.