sexta-feira, 15 de abril de 2011

PARA MAIS TARDE RECORDAR E SE POSSÍVEL NÃO REPETIR!

O que podemos esperar e o que nos vai acontecer, agora que garantimos a ajuda externa?

Como todos sabem, o que o FMI faz quando intervém num país é provocar uma recessão, no nosso caso agravar a existente. Normalmente, utiliza a moeda e a taxa de juro como instrumentos fundamentais. Acontece que neste caso não tem, nem um, nem outro para brincar. Portanto, as medidas impostas centrar-se-ão nos custos e receitas do Estado.

Em primeiro lugar, os principais partidos vão chegar todos a acordo sobre uma espécie de PEC 4 + 1 a implementar, para que seja possível começar a receber os primeiros financiamentos. Portugal aumentará a sua dívida em 80 mil milhões de euros e ficará a pagar uma taxa de juro sobre esse valor próxima dos 6%, mais do que estava a pagar quando ia ao mercado a 5 anos, antes da rejeição do PEC 4.

As medidas a aplicar, todas elas contraccionistas, claro, provocarão uma estagnação económica e provocarão uma recessão que se instalará para ficar, durante uns bons anos. Tudo isto será sustentado por um custo social pesadíssimo, provocado pela implementação de medidas imediatas e transversais que deveriam ser faseadas no tempo.

O Estado será obrigado a congelar tudo o que é investimento público de grande porte. Começará a alienar tudo o que for empresa Estatal, reduzindo a intervenção do Estado na economia ao mínimo possível, colocando esse interesses nas mãos dos de sempre, tornando tudo isto muito mais caro para todos, deixando cair definitivamente o conceito da maximização do benefício social e pondo o povo a pagar aos novos accionistas os lucros que essas empresas vão passar a apresentar.

O desemprego aumentará para perto dos níveis espanhóis, o salário mínimo irá ser reduzido, os despedimentos ficarão mais fáceis e mais baratos e as pensões na melhor as hipóteses serão congeladas, no entanto prevejo que possam ser sujeitas a cortes nos escalões mais altos. Os impostos irão aumentar, tornando tudo mais caro enquanto ficamos com menos para gastar. O tecido empresarial, composto na sua larga maioria por PME´s, sofrerá mazelas que deixarão marcas irreversíveis e com isso agravará todos os efeitos anteriores.

Paralelamente, os bancos vão ser obrigados a aumentar os seus rácios de liquidez, não vão ter capacidade para o fazer sozinhos e portanto, vão pedir dinheiro emprestado ao Estado. As agências de rating vão aproveitar este facto para rever em baixa os ratings desses bancos. Consequentemente, pelos compromissos estabelecidos com os bancos e aliado ao facto da economia começar a decrescer, baixarão o rating de Portugal mais 2 ou 3 níveis. Com isso, todos terão mais dificuldade em se financiar, comprovando este espiral infernal, de onde parecemos não conseguir sair.


Portanto, o consumo irá cair, o investimento irá cair, os gastos do Estado irão cair e portanto o nosso PIB andará pelas ruas da amargura.

Ironicamente e em jeito de perfeita aberração económica, tudo isto se passará enquanto assistimos aos aumentos da inflação e das taxas de juro de referência!!!! Enfim...
Não posso deixar de aproveitar esta oportunidade para agradecer a todos os que colaboraram para tornar tudo isto possível!

Como nota positiva, resta-me o consolo de saber que, por um lado Portugal não deixará de existir e que tudo isto será história daqui a uns anos e por outro que, não acabando Portugal, não acabará o meu Benfica!

Sem comentários:

Enviar um comentário