A Morgan Stanley veio dizer hoje que o incumprimentos da Europa é inevitável e que estamos só a falar de uma questão de quando e não de se. Esta notícia para mim é surpreendente. A primeira pergunta que faço é esta. Se a Europa não consegue honrar os seus compromissos, então, qual é o continente que o conseguirá fazer?
Não digo que a MS não tenha razão nas suas afirmações. No entanto, não vejo que este tema seja de relevar, a não ser que a intenção desta notícia seja continuar a por em causa o modelo europeu, e com isso, perpetuar a crise de confiança existente, sabe-se lá a benefício de quem. Ou melhor, desconfia-se... Vale a pena lembrar que esta crise não começou aqui. E se mexessem no rating dos Estados Unidos da America, este conseguia pagar as suas dívidas?
Na verdade a pergunta de base é esta. A dívida dos países é para pagar? Pelo menos os juros são, responderão alguns. Mas então se for assim, digo eu, contrai-se mais dívida para pagar os juros, qual é o problema? A meta dos -3% para o défice resolve o nosso problema? Parece-me a mim que só o agrava mais devagar. Se o problema fosse para resolver não era de pedir que a meta fosse de pelo menos +0,1%? Quem compra a dívida pública e o que ganha com isso? Interessa que a mesma acabe?
A minha teoria baseia-se na seguinte premissa. Se um dos países em causa falir, a Europa como a conhecemos irá falir. Se a Europa falir, a Alemanha por associação irá falir. Se a Alemanha falir, será com certeza uma questão de tempo até os EUA falirem. E se os EUA falirem... o resto do mundo falir irá. E se o mundo vai falir, então arrisco-me a dizer que não há problema nenhum e que estamos todos impecáveis.Enfim, as perguntas e desconfianças são imensas. O que eu sei é isto. Estão demasiados interesses envolvidos para que haja alguma consequência irremediável no mundo. E como todos percebemos é preciso mudarmos muita coisa para que fique tudo na mesma. A mim parece-me que todos já perceberam que o modelo actual não funciona. No entanto, parece-me tarde demais para mudá-lo. Portanto, a única solução que vejo passa por, quando houver aperto, imprime caroço. Um dia há-de haver quem resolva o resto.
Uma última nota para o filme que vai estrear, "Inside Job". O primeiro sobre esta nossa crise e o que a originou. É um documentário com vários depoimentos de gente relevante, narrado pelo Matt Damon e que deve ser bem interessante.